CARLOS EDUARDO BORRELY RIOS

Os pressupostos de Kittler

Kittler em sua teoria pos-hermeneutica propõem paradigmas a partir de três pressuposto fundamentais:

Pressuposto de exterioridade;

Pressuposto de medialidade;

Pressuposto de corporalidade.

No Pressuposto de exterioridade o foco questionador é a subjetividade da reflexão onde a experiência pessoal e a prática iluminam o processo sobre os objetos e fenômenos.

No pressuposto de medialidade ocorre uma ampliação do conceito de media onde as práticas culturais dependem da materialidade tudo afim de dar conta das trocas culturais.

No pressuposto de corporalidade o corpo é encarado como ponto de convergência de todas as práticas culturais nas quais está inserido. O corpo está conformado e sofre restrições devidos as suas possibilidades.

Pensar os pressupostos no trabalho de percepção do bailarino:

Este trabalho pretende direcionar os pressupostos de Kittler às pesquisas de cada um. No meu caso, especificamente, onde pretende-se analisar parte de processos de criação em coreografia com o propósito de encontrar recorrências que ajudaram no percurso de apropriação do movimento do bailarino e coreógrafo partimos da convenção que o corpo, no caso da dança, é encarado como instrumento de trabalho e meio de pesquisa inserido num contexto específico (meio biológico-cultural). A pesquisa do bailarino é evidenciada no corpo, e, é no corpo que todas as suas experiências convergem. As práticas culturais em que este está inserido caracterizam e delimitam as possibilidades dos movimentos que esse corpo pratica. Suas dificuldades e limitações também são parte desse processo que restringe suas possibilidades.

A reflexão do ator bailarino acontece através do corpo, o que quer dizer que, esta racionalização do movimento ocorre concotamitantemente ao movimentar-se. Mover-se, dançar é uma ação reflexiva e este processo cognitivo do corpo só é possível por que uma rede de inúmeras experiências acontecem simultaneamente e transformam esta apropriação do movimento.

Ao trazermos exercícios que estimulam as experiências pessoais à nossa prática de criação e analisá-los como estes movimentos propostos pelos alunos caracterizaram o processo como um todo dentro da oficina de dança estamos permeando o pressuposto de exterioridade. Neste sentido, temos como observar o material de cada alunos e recortá-lo de acordo com o interesse do professor orientador caracterizando a nossa coreografia final como uma bricolagem de experiências de cada integrante através do olhar do coreografo.

Pensando neste processo todo como um sistema colaborativo de trabalho onde professor e aluno juntam suas pesquisas, mesmo que estimulados por parte do professor, esta ampliação de linguagens inseridas dentro de uma outra linguagem específica caracteriza o pressuposto de medialidade neste trabalho; partimos de diferentes propostas de movimentos e ritmos para encontrar neles pontos em comum com o ritmo e movimento oficial da oficina de dança.

Ao nos depararmos com as limitações corpóreas, físicas e temporais para a produção da coreografia na oficina de dança é que entendemos o pressuposto de corporalidade que nos deixa claro que todas as possibilidades que temos assim como nossas dificuldades pela própria limitação do corpo que produz nos delimita as barreiras e os limiares alcançados.

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