Mapa Conceitual – Devaneio Cósmico
“O Devaneio cósmico, tal como o estudaremos, é um fenômeno da solidão, um fenômeno que tem a sua raiz na alma do sonhador. Não necessita de um deserto para estabelecer-se e crescer. Basta um pretexto – e não uma causa – para que nos ponhamos em “situação de solidão”, em situação de solidão sonhadora. Nessa solidão, as próprias recordações se estabelecem como quadros. Os cenários dominam o drama. As recordações tristes adquirem pelo menos a paz da melancolia.
E isso ainda coloca uma diferença entre o devaneio e o sonho. O sonho permanece sobrecarregado das paixões mal vividas na vida diurna. A solidão, no sonho noturno, tem sempre uma hostilidade. É estranha. Não é verdadeiramente a nossa solidão.
E isso ainda coloca uma diferença entre o devaneio e o sonho. O sonho permanece sobrecarregado das paixões mal vividas na vida diurna. A solidão, no sonho noturno, tem sempre uma hostilidade. É estranha. Não é verdadeiramente a nossa solidão.
Os devaneios cósmicos afastam-nos dos devaneios de projetos. Colocam-nos no mundo, e não numa sociedade. Numa espécie de estabilidade, de tranqüilidade, pertence ao devaneio cósmico. Ele nos ajuda a escapar ao tempo. É um estado. Penetremos no fundo de sua essência: é um estado de alma. Dizíamos, num livro anterior, que a poesia nos proporciona documentos para uma fenomenologia da alma. É toda a alma que se entrega com o universo poético do poeta”
BACHELARD, G (1996). A poética do devaneio. Tradução: António Danesi. São Paulo: Martins Fontes. Pg. 14
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