Partindo da idéia que a percepção de primeiridade é principalmente um 'feeling', distinto da vontade e do pensamento, Peirce indaga-se no trabalho de toda uma vida se estas percepções podem ser comunicadas e se podemos de algum modo, partilhá-las. E ele responde sim, apoiado numa espécie de confiança instintiva (CP1,314) e na evidencia dos poetas: em relação aos homens da ciência, entende que " os artistas são observadores mais sutis e acurados " e " nada é mais verdadeiro que a verdadeira poesia " (CP1,315). Mas, poderíamos perguntar, em que consiste esta "observação mais sutil e acurada"? Ou melhor, em que consiste esta "verdadeira poesia"? A resposta, Peirce encontra no próprio mundo dos fenômenos, caracterizado como indiferenciadamente interior e exterior, e na poética de um olhar despido de qualquer aparato teórico: "Esta é", diz (CP. 5, 42), " a faculdade do artista que vê, por exemplo, as cores aparentes ...