WELLBERY, D. “Foreword”. In: KITTLER, Friedrich. Discourse Networks 1800/1900. Stanford: Stanford University Press, 1999. (Texto trabalhado em sala de

WELLBERY, D. “Foreword”. In: KITTLER, Friedrich. Discourse Networks 1800/1900. Stanford: Stanford University Press, 1999. (Texto trabalhado em sala de aula)

Atividade proposta pela professora Dra. Lucia Leão.

Elaborar um texto que contenha os pressupostos teóricos apresentados e discutidos por Kittler. Interpretação realizada através da leitura de D. Wellbery sobre as teorias de Kittler.

Eliane Cristina Testa – Doutoranda - COS


O objetivo geral da minha pesquisa é compreender o uso e a apropriação da palavra, nos processo de criação, dos artistas visuais, Bispo do Rosário, Constança Lucas, Elida Tessler, Edith Derdy, Leonilson, Lenora de Barros, Mônica Barth e Mira Shendel, Fabio Morais e Marilá Dardot realizado a partir dos estudos das obras dos artistas e dos documentos de processo, com propostas de identificar os padrões dos procedimentos de criação, do específico para o geral, com foco nos campos de procedimentos e nas redes comunicacionais intersemióticas.


Como o foco do trabalho em questão é costurar os pressupostos teóricos de Kittler as nossas pesquisas, devemos compreender que o primeiro pressuposto está voltado para olhar “exteriormente” o objeto, ou seja, olhá-lo com distância, fazer uma análise (de fora), descrevendo o fenômeno, criando assim uma plataforma para o entendimento do estudo, pautada na seguinte questão: o que é?


Na leitura de Wellbery, a premissa que rege o pressuposto de exterioridade de Kittler é a tarefa de investigação crítica e aproxima-se daquilo que Foucault chamou de “o pensamento do lado de fora”, que mais tarde denominou de “discurso”. A analise do discurso de Kittler segue o caminho de Foucault procurando delinear o aparato do poder, armazenamento, transmissão, treinamento, reprodução, e assim por diante que formam as condições de ocorrências discursivas factuais. O objeto de estudo é sobre o fato, ou seja, sobre o que está inscrito (a inscrição na sua facticidade contingente e exterioridade).


Kittler, em seu criticismo pós-hermenéutico, propõe uma sistematização historiográfica que tende em direção ao delineamento de tipos; são as redes de discurso - as conexões de poder, tecnologias, marcas importantes e corpos - que orquestram a cultura.


As mídias vão colaborar para a construção do processo de análise, pois segundo o primeiro pressuposto de Kittler, o da exterioridade; as mídias devem ser compreendidas de uma perspectiva analítica e, especificamente, na minha pesquisa é como se dá o uso e a apropriação da palavra como procedimento criativo em artes visuais, sendo tomado o termo mídia como todos os documentos de processo (cadernos, diários, entrevistas, etc...) e obras dos artistas, que organizam o processamento de informações, as “marcas do barulhento reservatório de todas as possíveis constelações escritas, caminhos meios de transmissão ou mecanismos de memória.” (KITTLER)


A segunda premissa é o pressuposto da medialidade, onde metodologicamente, Kittler, amplia o conceito de mídia tornando-o mais genérico, podendo ser aplicado a “todos os domínios de intercambio cultural”. (KITTLER, p. xiii). Conforme, Kittler, qualquer que seja o campo histórico com o qual estamos lidando, nos estamos lidando com a mídia como algo determinado pelas possibilidades tecnológicas da época em questão.


De acordo com o pressuposto de medialidade, o importante é tentarmos entender que nada existe fora da mídia, tudo é relacional dentro das possibilidades tecnológicas da época, aqui a questão central seria: como é esta relação.


A partir desta questão relacional, ou seja, do pressuposto de medialidade, a questão que direciona minha pesquisa é como se relaciona está mídia (documentos de processo e obras) com o processo de criação? Ou como estas mídias estão relacionadas ao processo de criação? Como estes documentos de processo podem ser meio para o processamento, armazenamento, transmissão de dados?


Conforme, Kittler todas as mídias de transmissão requerem um canal material e a característica de todo canal material é que, alem – e, como se fosse, contra – a informação que ele carrega, produz barulho e absurdo. É definido não pelo que significa, mas pela diferença entre significado e não-significado, informação e barulho que suas possibilidades de mídia estabelecem.


Podemos compreender que os campos de procedimentos demonstram que existe uma possibilidade de organizar alguns dos processos de construção, em que a apropriação da palavra, estabelece uma rede de relações entre os campos de forma inter-relacionadas entre recursos intersemióticos e da aproximação das narrativas plásticas e artísticas, da exploração de diferentes materialidades numa complexa reunião de procedimentos.


A terceira premissa do criticismo pós-hermenéutico, de Kittler, é a premissa que defina não só a perspectiva analítica (exterioridade), nem, apenas, seu domínio de estudo (medialidade), mas, em vez disto, seu ponto de referência e foco de interesse, é o pressuposto de corporalidade.


O pressuposto da corporalidade afirma que toda mídia tem um corpo. Conforme, Kittler, o corpo ele mesmo é um aparelho de mídia e uma tecnologia elaborada. O corpo é o lugar sobre o qual as várias tecnologias da nossa cultura se inscrevem, o link de conexão ao qual e do qual nossos meios de mídia do processamento, armazenamento e transmissão ocorrem.


Neste sentido, o pressuposto de corporalidade tem a premissa que toda mídia tem um corpo, e esta, está inserida no tempo e no espaço; desta maneira, é preciso considerar a época para analisá-la. Portanto, o pressuposto de corporalidade se torna um locos privilegiado para a análise das redes de discurso da formação cultural a sua identidade.


No caso dos estudos sobre processo de criação, com foco nas redes comunicacionais e nos procedimentos de criação que se apropriam da palavra em artes visuais, onde há interações dos discursos, delimitados num tempo e espaço, mas que tornam possível analisar os modos de operações e processamentos da linguagem (corporalidade está relacionado ao tempo e ao espaço, ao funcionamento: quando se dá? Onde ocorre? Onde se dá? Onde o artista trabalha? Quanto tempo ele trabalha? O artista trabalha sozinho?).


O corpo da mídia ainda diz sobre a maneira que o conteúdo vai ser passado, uma vez que a linguagem tem seu modus operandi modificado de acordo com o meio e a linguagem adotada pelas artes visuais.

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