Os pressupostos teóricos de Kittler e a pesquisa sobre Processo de Curadoria por Cecília Bedê

Numa perspectiva analítica ou de exterioridade, baseando-se nesse primeiro pressuposto de Kittler, a Curadoria é o próprio resultado de seu processo, ou seja, a exposição (no caso a que se refere minha pesquisa, de artes visuais) pronta, o fato, o evento, a materialidade anterior a questões de significado. É um espaço sendo ocupada por obras de arte que passaram por um processo de seleção, escolha e contextualização em um tema ou conceito (ações da curadoria), com o objetivo de se apresentar a um público. Esse espaço é então constituído de características específicas para que ali fique claro que se está diante de uma exposição de arte.

Para que o público tenha esse entendimento e se relacione integralmente com as obras, a curadoria se utiliza de recursos visuais, tecnológicos e informativos. Aqui é o momento onde surgem aspectos da Medialidade, segundo pressuposto de Kittler. Textos de parede traduzem conceitos gerais pensados pela curadoria; tevês, projetores e aparelhos sonoros são utilizados em muitos dos trabalhos dos artistas por adequarem-se melhor à sua ideia; etiquetas informam nome, data e local de nascimento do artista e o título e data da obra; educadores estão presentes no espaço para dialogar. Diversas mídias, de máquinas a corpos se apresentam para comunicar e acima de tudo criar relações.

Falar em relações, me leva aos aspectos do pressuposto de Kittler da Corporalidade. Isso porque, essas relações ocorrem dentro de um contexto maior. A curadoria ocorre no contexto da cultura e funciona como mediadora da arte com o público. Grifo aqui que quando falo arte, não me refiro apenas a uma obra , mas também a todo o peso de uma história e do contexto em que ela está inserida no tempo. Essa mediação faz parte de todo um sistema de legitimação da arte e assim como tudo que é legítimo na cultura deve ser transmitido às pessoas. Por isso, curadorias, ou melhor, exposições acontecem em espaços da cultura: museus, centros culturais, espaços alternativos, galerias e no próprio espaço público. É nessa configuração de tempo e espaço que irá se criar uma rede de relações.